No mundo da magia e do ocultismo, rituais que envolvem objetos ligados ao reino dos mortos sempre despertaram fascínio e temor. Entre eles, destaca-se o enigmático Trabalho dos Cinco Pregos, uma prática ritualística de origem obscura, repleta de símbolos poderosos e invocações de força inegável. Embora possa parecer sinistro, esse ritual remonta a tradições antigas que misturam magia popular, crenças espirituais e o uso de objetos carregados de energia residual.
A essência deste trabalho consiste em capturar a força do símbolo e o poder das palavras, utilizando pregos retirados de um caixão de defunto, já exumado, para selar intenções e amarrar destinos. Vamos explorar os elementos desse ritual, seu simbolismo e o significado profundo que ele carrega no contexto das práticas mágicas.
O Poder dos Pregos e do Símbolo de Salomão
A escolha de pregos retirados de um caixão não é aleatória. Pregos têm, historicamente, um papel simbólico nas práticas mágicas e rituais de proteção, prisão e ligação. No contexto esotérico, eles representam a força da fixação — seja para prender energias, selar pactos ou garantir proteção contra influências externas. Ao serem associados a um caixão, esses pregos carregam uma carga energética adicional, ligada à transição entre o mundo dos vivos e o dos mortos.
O símbolo de Salomão (conhecido também como o Selo de Salomão ou Estrela de Seis Pontas) é um dos mais antigos em diversas tradições mágicas. Representando o equilíbrio entre forças opostas — o espiritual e o material, o divino e o terreno —, ele atua como um portal energético e uma proteção poderosa contra forças negativas.
Nesse ritual, o signo de Salomão é traçado sobre uma tábua, servindo como a base onde a energia será canalizada. Sobre ele, deve-se fixar algo que simbolize a pessoa alvo do trabalho — como uma mecha de cabelo, um pedaço de roupa ou qualquer objeto que carregue sua essência vibracional.
Passo a Passo do Ritual: A Força das Palavras e o Poder da Intenção
A realização do ritual exige concentração absoluta e a visualização clara do objetivo desejado. Cada prego, ao ser cravado, é acompanhado por uma invocação poderosa, que reforça a intenção de prender, selar ou atrair a energia desejada. As palavras pronunciadas têm força mágica, pois combinam invocação, decreto e simbolismo arquetípico.
1.º Prego
“Fulano ou Fulana, eu te rogo, em nome de Satanás, Barrabás e Caifás, que fiques preso(a) a mim, assim como Lúcifer está preso nas profundezas do inferno.”
Aqui, o praticante invoca forças poderosas e sombrias para estabelecer uma conexão inquebrável com a pessoa alvo. É importante lembrar que, no universo esotérico, nomes como Satanás e Lúcifer podem simbolizar rebeldia, transformação e poder oculto, mais do que o mal puro.
2.º Prego
“Fulano ou Fulana, eu te prendo e amarro dentro deste signo-Salomão. Assim como a cruz de Jesus Cristo dentro deste risco foi enterrada e o sangue de Jesus nela foi derramado, assim, eu, fulano, te cito e notifico, para que me não faltes a isto, pelo sangue derramado de Jesus Cristo.”
A simbologia cristã é fortemente presente, demonstrando a fusão entre práticas mágicas e elementos religiosos. O sangue de Cristo, aqui, representa um pacto sagrado e inquebrável, reforçando o vínculo.
3.º Prego
“Fulano ou Fulana, eu te ligo a mim eternamente, assim como Satanás está ligado ao inferno.”
Nesta etapa, a intenção é estabelecer uma ligação eterna, uma conexão energética duradoura que só poderá ser desfeita pelo próprio praticante.
4.º Prego
“Fulano ou Fulana, eu te prendo e amarro dentro deste signo-Salomão, para que tu não tenhas sossego nem descanso, senão quando estiveres na minha companhia, isto é, pelo poder de Satanás, de Maria Padilha e de toda a sua família.”
Maria Padilha, uma figura sincrética associada ao poder feminino e à magia de encantamento, surge aqui como uma aliada espiritual. A menção a ela reforça a natureza passional e intensa do trabalho.
5.º Prego
“Fulano ou Fulana, só quando Deus deixar de ser Deus, e o defunto a quem serviram estes pregos falar, é que me hás de deixar.”
O último prego sela o trabalho, carregando uma declaração de permanência absoluta. Neste momento, a força mágica atinge seu ápice. Deve-se dar uma forte martelada, finalizando a cerimônia com convicção e intenção clara.
Desfazendo o Feitiço: O Poder da Liberação
Nada no mundo da magia é eterno, a menos que o praticante assim deseje. Quando o objetivo do ritual é alcançado ou se deseja desfazer o trabalho, o processo de libertação deve ser realizado com o mesmo cuidado. Para isso, a tábua onde o signo foi desenhado deve ser queimada, liberando as energias acumuladas e encerrando o pacto estabelecido.
Esse ato final simboliza o retorno das energias ao fluxo natural do universo, garantindo que nenhuma conexão indesejada permaneça ativa.
Reflexões sobre Ética e Responsabilidade Mágica
Antes de realizar qualquer trabalho mágico, especialmente os que envolvem vínculos tão profundos, é essencial refletir sobre a responsabilidade envolvida. Trabalhos de amarração ou prisão energética podem gerar consequências cármicas e influências não intencionais. O caminho da magia, conforme ensinado por mestres como Christopher Penczak e Mat Auryn, sempre envolve um equilíbrio cuidadoso entre vontade pessoal e respeito ao livre-arbítrio.
Palavras-chave
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